quinta-feira, 22 de março de 2012

A Teologia mandou lembranças

Na semana passada estive pela sétima vez em um congresso teológico de âmbito nacional. O encontro foi bom, o hotel como sempre com boas instalações e ótima gastronomia. Também desfrutei de boa música e bons períodos devocionais. Do mesmo modo, foram boas as palestras dos professores Jonas Madureira, Carlos Osvaldo e do reverendo Augustus Nicodemus.

Mas faltou alguma coisa...

Faltou mais bíblia para os demais palestrantes, faltaram respostas à realidade da igreja brasileira, assim como, mais teologia - já que a filosofia tomou o seu lugar de honra.

Por vezes, tive impressão de o que estava diante de mim era na verdade o exibicionismo acadêmico em vez da simplicidade do evangelho. Cheguei a duvidar se pessoas como eu eram de fato o público alvo daquele encontro. Pessoas que como eu, não ocupam nenhuma cátedra de universidade, no entanto, estavam sedentas por uma análise apologética na esfera do cristianismo puro e não somente na esfera acadêmica dos ateus das grandes universidades da Europa. Pessoas que como eu, preocupam-se com um rebanho evangélico que numericamente cresce de maneira considerável em nosso país, porém diminui cada vez mais em profundidade bíblica. Gente que como eu, tem visto correntes teológicas esquisitas rondarem púlpitos e palcos das comunidades e igrejas no nosso país. Que vê a apologética muito mais necessária dentro da esfera do cristianismo evangélico no Brasil do que fora dele.

Um congresso de teologia não pode ser chato, a teologia jamais será enfadonha, embora haja quem evite e até durma em algumas plenárias. Senti saudades de uma época em que tal congresso tinha grande relevância para o contexto dos líderes e igrejas no Brasil. Congressos irrelevantes respondem às perguntas que ninguém faz. Há esperança para 2014? Espero que sim, pois como diz o dito popular “o raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. Não quero acreditar que a filosofia tentará novamente estragar a festa da teologia, não quero um “neo-areópago”, palco de discussões filosóficas, prefiro o ambiente que faz com que a teologia sinta-se mais a vontade, ambiente de pensadores teológicos apaixonados pela Palavra, gente que fale simples, mas com profundidade, e nos mostre como vivenciar melhor a fé protestante no nosso país, como defendê-la e labutar por uma igreja mais bíblica. Por fim, como apascentar melhor o rebanho. Não sei se a intrusa (a filosofia), poderia ser tão relevante quanto à teologia bíblica para responder a estas e outras questões, mas espero sinceramente que um congresso brasileiro de teologia esbarre no mínimo nestas questões. Um congresso voltado para os teólogos no Brasil, focado para a realidade do protestantismo daqui. Talvez para que isto ocorra no próximo encontro, a filosofia precise ocupar o seu papel de reles coadjuvante e deixar a teologia no lugar de onde nunca deveria ter saído.

Sola Scriptura

Pr. Carlos Valderrama