quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A MEDÍOCRE DISCUSSÃO ACERCA DA MEDIOCRIDADE

Recentemente assisti a alguns debates acerca da mediocridade dos evangélicos no Brasil, avaliei a tudo que ouvi e, ao ponderar sobre esta questão, fervilharam na minha mente algumas inquietações que compartilharei abaixo.
1 Não há dúvida de que a igreja evangélica no Brasil enfrenta uma crise de identidade, pois não sabemos se rompemos as amarras éticas e os nossos alicerces teológicos e caímos em um liberalismo cego em prol da relevância cultural, ou se mantemos o status quo e continuamos supostamente na esfera da semi-mediocridade.
2 A nossa crise tem muito a ver com a questão da missiologia – isto é, qual é a nossa missão neste mundo como igreja? O Novo Testamento é claro ao responder a esta questão apontando para o fato de que a igreja está neste mundo para alcançar as pessoas com o Evangelho de Jesus e contribuir para que estas vidas alcançadas se tornem cada vez mais semelhantes a Cristo. Trocando em miúdos, a igreja existe para alcançar neste mundo dois objetivos que são: a evangelização e a edificação de vidas.
Se cumprirmos estes objetivosobviamente estaremos no caminho certo, certo? Nem sempre, pois a questão da eficiência da relevância da igreja neste mundo ainda fica sem resposta, e aí devemos calcular os custos dessa relevância e se de fato o nosso chamado como igreja traz consigo esta necessidade de relevância e se dissermos que traz, devemos pensar se sacrificaremos à a ética e a sã doutrina no altar da relevância.
3 Talvez minhas questões sejam medíocres diante de pós-cristãos e os “moderninhos” de plantão com os seus velhos discursos acerca da pós-modernidade e seus desafios.
Não quero ser antiquado e nem retrógrado, mas creio que ninguém contribuirá para que a igreja se torne relevante através do cinismo, das ironias e da frouxidão ética e doutrinária.
Fico alarmado diante da ignorância ou descaso de alguns irmãos que violam princípios éticos claros para defender a tal relevância cultural, o que combina com um padrão de igreja voltada a um tipo de acomodação irracional e irrefletida.
4 Lamento por algumas pessoas de bem que entrarem nesta dança insana, e neste teatro sem roteiro e com péssimos atores. Verifico que a inteligência cristã é um artigo de luxo em alguns ambientes - o show de mediocridade apenas começou; veremos o que vem pela frente, pois relevância a qualquer preço para uma igreja já tão esfacelada pelos lobos da fé trará consigo conseqüências inimagináveis, pois hoje a nossa discussão é sobre a relevância na área da cultura e amanhã será que estaremos discutindo acerca da nossa relevância em que área? Será que este tipo de busca tem fim? Será que existem fronteiras para os nossos sonhos de influencia cultural? Quais serão os próximos princípios bíblicos a serem colocados na mesa para a negociação em busca da tal relevância?
5 A igreja evangélica brasileira é medíocre sim na sua influência cultural, mas, para sairmos desta incomoda situação, não podemos ser medíocres nivelando o nosso diálogo por baixo, pois quando isto nos acontece, nos tornamos réus das nossas próprias sentenças.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

CAMINHOS E DESCAMINHOS NA CONSTRUÇÃO TEOLÓGICA BRASILEIRA.

Em Outubro, tive o privilégio de participar de dois importantes congressos de teologia. De ambos saí bem alimentado, não só física, mas espiritualmente também. Em ambos, pude perceber a presença de líderes sedentos pela Palavra; e em um deles, ouvi preletores dispostos a nos banquetear com a Mesma, que é viva e permanece para sempre.
Penso que a Igreja Evangélica Brasileira está muito bem servida de congressos, mas faltam-lhe maiores ambições quanto ao desprendimento denominacional, confessional e político. Acredito que no saber teológico existam horizontes a serem contemplados, e que o nosso problema como Igreja Evangélica Brasileira nasce da má formação de muitos dos nossos amados e queridos pastores, que não só pecam pela superficialidade teológica, mas, sobretudo, pela busca cada vez maior de querer ver os seus “negócios” darem certo. Não precisamos, necessariamente, ser adeptos da teologia da prosperidade para querer que os “nossos negócios gerem resultados”. Talvez tenhamos assumido mais o papel de serpentes do que de pombos, em nossas ambições ministeriais.
Gosto destes encontros porque vejo neles pessoas com o coração de servo e com a vontade de aprender a andar mais perto do Mestre, para servir melhor. Ali eu deixo, por alguns momentos, de me sentir um dos solitários paladinos da espiritualidade e passo a me ver mais como um soldado de um exército de paz. Ao ver a simplicidade e engajamento de alguns dos irmãos, não posso deixar de crer que a Igreja é a ambiência dos desprovidos e dos desconhecidos. Não posso deixar de crer que não precisamos de líderes de grife para a edificação da Igreja do Senhor Jesus; não precisamos de estrelas, pois não existe galáxia na eclesiologia propriamente bíblica. Não precisamos lançar sortes para ver quem será o próximo representante dos evangélicos a ser erguido no poder como ícone nacional. A Igreja Evangélica Brasileira não é só feita de horários na TV e programas gospel, movidos pela complacência e ingenuidade dos fiéis, e por uma teologia ruim de troca de bênçãos. Não, a Igreja evangélica Brasileira é feita por pessoas simples dos diversos cantos do Brasil, que congregam em comunidades pequenas para orar e ler a Bíblia. Ainda bem que o crescimento da igreja não depende dos maus políticos denominacionais e nem das raposas da fé que sacrificam a ética no altar dos interesses pessoais.
Dois congressos como focos e alcances distintos, mas que englobam a realidade da Igreja Evangélica Brasileira. Concluo que ainda há esperança para o Brasil evangélico; nem tudo está perdido; ainda existe boa liderança e podemos continuar crescendo com aqueles que de coração puro, invocam ao Senhor.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Milagres que Enfraquecem a Fé.

Estamos vivendo nos nossos dias uma experiência estranha no ambiente protestante brasileiro, especialmente no seu corte neo-pentecostal. Pois não são raras as vezes que nós, diante dos programas de TV e dos cultos televisivos, vemos os pastores clamarem por curas e livramentos sobrenaturais - e de forma instantânea. E que se nós, os telespectadores, soubermos “pôr em ação a nossa fé”, receberemos a benção.
A maneira correta de colocar nossa fé em ação nada tem a ver com “o sacrificar” (leia-se ofertar com toda a ousadia), nem é adotar as novas liturgias ou fórmulas de manipular a Deus (ex: troca-se a combinação súplica com ações de graças pelo determinar), arrancando d’Ele aquilo que Ele não estava disposto a nos entregar de “mão beijada”. Persistência em orar sem cessar e sem desfalecer (enquanto se espera que Deus realize o plano d’Ele) é um bom exemplo da fé em ação.
Ora, se Deus responde com tanta pressa e agilidade os clamores dessa gente, nós temos então um deus que espera a nossa fé entrar em cena para que ele venha nos socorrer. Parece estranho pensar que Deus nos ajuda movido pela nossa fé, ou seja, a nossa fé é o combustível da ação de Deus em nosso favor. Assim sem fé Deus poderia permanecer na condição de indiferença em relação ao nosso sofrer.
Parece estranho também que o grupo que mais fala sobre a fé e, supostamente também, o que mais demonstre o seu poder, seja tão carente de manifestações visíveis do poder de Deus. Pois, se estou lendo a Bíblia pelas lentes corretas, podemos dizer que é bem aventurado aquele que possui uma fé que independe de milagres e respostas imediatas de Deus. Bem aventurado é aquele que tem uma fé que convive com o silêncio de Deus e que interage com adoração mesmo diante das negativas divinas: é o paraplégico que louva a Deus mesmo sem sair da cadeira de rodas, e o doente que não recebeu a cura e continua clamando e servindo.
Parece-me que essa é a fé verdadeira. Dá gosto e vontade conhecer este Deus que tem adoradores que, embora sofram, continuam servindo-o. Parece-me que no mundo de hoje, a fé carente de milagres é pobre e pragmática. Pobre porque “adora” a Deus por aquilo que ele faz - não por ser quem Ele é; e pragmática porque depende de resultados para se manter ativa.
Não podemos desenvolver a síndrome de Tomé, que carece de milagres para crer. O protestantismo neo- pentecostal dos nossos dias tem desenvolvido verdadeiros “Tomés”, pois, ao orar, pressupõe ou impõe que Deus necessariamente agirá de forma palpável, e isso, ao invés de fortalecer, enfraquece a fé.
Há milagres que ao invés de fortalecer a fé a enfraquecem.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

PROFETAS TAMBÉM DENUNCIAM O ÓBVIO

É Proibido Pensar
João Alexandre
Composição: João Alexandre

Procuro alguém pra resolver meu problema
Pois não consigo me encaixar neste esquema
São sempre variações do mesmo tema
Meras repetições

A extravagâncias vem de todos os lados
E faz chover profetas apaixonados
Morrendo em pé rompendo a fé dos cansados
Com suas canções

Estar de bem com vida é muito mais que renascer
Deus já me deu sua palavra
E é por ela que ainda guio o meu viver

Reconstruindo o que Jesus derrubou
Re-costurando o véu que a cruz já rasgou
Ressuscitando a lei pisando na graça
Negociando com Deus

No show da fé milagre é tão natural
Que até pregar com a mesma voz é normal
Nesse evangeliquês universal
Se apossando do céus

Estão distantes do trono, caçadores de deus
Ao som de um shofar
E mais um ídolo importado dita as regras
Pra nos escravizar.

É proibido pensar (5X)

Procuro alguém pra resolver meu problema...
É proibido pensar....

quinta-feira, 10 de julho de 2008

“Teologizando” a nossa Inteligência – uma abordagem introdutória

...talvez esse também seja tema para outro artigo.


Antigamente costumava-se descrever a figura do cristão como um ser anti intelectual (preso à desinformação), alguém que renunciou à razão e vive alienado da sociedade, com um livro preto debaixo do braço: tendo-o como a cartilha da sua vida sem ao menos entendê-lo muito bem.
Crer é também pensar. Hoje os tempos são outros, e os homens e mulheres da fé já não têm sido tachados daquela forma com a intensidade de antigamente.
Ser evangélico hoje é chique e está na moda. Basta ver as celebridades da mídia que abandonam as suas carreiras para aderir ao movimento evangélico. (Bem, isso pode ser assunto para outro artigo). Mas, voltemos ao fio da meada: hoje, muitos nem podem ser mais vistos ou reputados como pessoas que renunciaram à razão; aliás, esta assumiu o tribunal da consciência, tornado-se juíza de todas as coisas, inclusive do próprio livro preto mal compreendido. Aliás, o livro mal compreendido continua mal compreendido porque muita gente que o lê e estuda, o faz com uma má concepção acerca da veracidade dele; o que pode também ser discutido em outro artigo.
A verdade que antes apenas era uma, agora se multiplicou, e a mentira que sempre foi mal vista, agora é bem vinda, desde que gere bons resultados e, lógico, para isso, precisa ser bem empregada. Vivemos a época da inversão de valores e da inteligência mal direcionada, mas isso também não será discutido neste espaço.
Será que precisamos experimentar os extremos da gangorra no atual movimento evangélico brasileiro? Isto é, ou a ignorância e o obscurantismo religioso ou o ceticismo motivado pela falsa sabedoria. Eu tenho pensado que devemos, como cristãos, permitir que o livro preto remodele a nossa cosmovisão. Acredito que o tal livro é a Verdade pela qual as outras verdades podem ser medidas.
Chega de pensar que é bonito ser cético, critico, liberal e ecumênico; vamos voltar a refletir a fé protestante a partir da reforma e de seus pensadores. Se isso não ocorrer, o que nos resta é nos envolvermos no misticismo católico pré-reforma da era das trevas, que também tem sido bem visto por alguns pastores da atualidade, e que, talvez, até apreciem o ecumenismo no processo de formação espiritual. Temo pela lucidez destes amados, pois o obscurantismo custa caro e a conta chegará cedo ou tarde.
Precisamos mais do que nunca de uma teologização da nossa inteligência. Acredito que chegaremos lá lendo as Escrituras com as lentes dos reformadores. Mas será que o evangelicalismo brasileiro na atual conjuntura está disposto a retornar as bases da reforma? Talvez esse também mereça ser tratado como tema para outro artigo.
De qualquer forma precisamos experimentar uma fé inteligente, que nos assemelha ao homem mais inteligente que esteve entre nós a mais ou menos dois mil anos e, como marginal, foi crucificado fora da cidade de Jerusalém, a assassina de profetas! Fé inteligente que nos faz anunciar o evangelho ao homem perdido e que não nos faz meros transportadores do tal livro preto, mas que o coloque no cerne das nossas motivações.
Se assim não for, temo que os cristãos da próxima geração sequer utilizarão o livro preto em seus encontros, sequer precisarão pensar sobre a vida cristã, sequer terão que enfrentar suas crises e ambigüidades, pois a geração que inverte valores é também a que amortiza as consciências e faz do conforto o Baal contemporâneo. Uma sociedade que não enfrenta problemas e obstáculos para crescer é uma sociedade fadada à ausência de estímulo existencial. Bem, talvez esse também seja tema para outro artigo.
Quero retornar ao primeiro amor e gostaria que os crentes viessem comigo. Isso não é só teologizar a inteligência, mas também ser mais semelhante àquele que amou ilimitadamente, e justamente por isso, chegou literalmente ao topo máximo do desconforto e ignomínia da sua época. Sendo fixado no mais cruel instrumento de execução romano, nos atraiu para si, num espetáculo de dor, angústia e vitória assistido e presenciado, não apenas pelos seus executores, mas por anjos e demônios - o triunfo que começa na manjedoura e culmina em um túmulo vazio. Mas esse fato também pode ser discutido em outro artigo. Mas qual a relação deste espetáculo com o protestantismo tupiniquim? Bem talvez esse também seja tema para outro artigo.

terça-feira, 1 de julho de 2008

A Teologia Aplicada como resposta apropriada para as crises da Igreja evangélica Brasileira.

Ao analisar o movimento evangélico no Brasil, podemos facilmente identificar pelo menos dez conceitos errados na espiritualidade evangélica contemporânea:
1. A Crise do Individuo (O cristianismo do individualismo): existe uma ênfase na particularidade individual e privada - cada um tem a sua própria espiritualidade, independentemente da igreja em que congrega. A vida do indivíduo é tão particular e privada que muitas vezes poderíamos supor que nem Deus tem acesso e espaço para interagir e transformar sua vida. O pensamento é “cada cabeça uma sentença, ninguém tem nada a ver comigo”. Esses vícios da mente e do hábito geram ovelhas impastoreáveis e blindadas ao amadurecimento na fé.
2. A Crise na Eclesiologia: O conceito acerca do que é a igreja segundo o N. T. está se desvanecendo. Muitos evangélicos pensam que a Igreja está a serviço deles -esquecem que eles devem também servir a Deus por meio da Igreja (edificando e sendo edificados). Podemos verificar isso por meio de dois fenômenos bem conhecidos daqueles que labutam na arte de apascentar pessoas - são eles: o melindre (facilidade em ofender-se, em magoar-se), que se hospeda no coração de muitos nômades da fé. Como exemplo, podemos observar aquelas pessoas que ficam migrando entre as igrejas locais. O segundo fenômeno é a busca por parte do povo pelo melhor atendimento. Parece-me que hoje muitos têm buscado construir igrejas que atendam cada vez melhor o povo, e o melhor é definido em termos pragmáticos, tendo como parâmetro o profissionalismo e os fatores numéricos. Não me admiraria se daqui a pouco tivéssemos um selo de certificado que mediria a qualidade dos trabalhos da igreja, uma espécie de ISO 9000 da fé.
3. A Crise na Teologia Própria: Há uma verdadeira confusão acerca do conceito de Deus. Para muitos, Deus é apenas um meio para se obter satisfação. Para estes, a oração acaba se tornando apenas um mecanismo para obtenção de bênçãos, e não uma expressão de relacionamento com Deus. Para outros, Deus não é soberano e, por não ser soberano, não é onisciente e nem livre, pois seu amor por nós paralisa sua soberania sobre nossas vidas, não interferindo nas nossas escolhas. OBS: se alguém souber como fica a oração feita a um "deus" assim, tão limitado, me avise, por favor.
4. A Crise nos Alvos Individuais: Podemos dizer que os evangélicos tupiniquins buscam mais a felicidade do que a santidade. Há um desvio de foco quanto ao propósito de vida; já não se vive mais para a glória de Deus (1 Co 10.31), e sim para a satisfação dos desejos egoístas (Tg 4.1-5). A busca pela felicidade é definida em termos daquilo que acumulamos e conquistamos ao longo da vida e não em termos do que nos tornamos, e nem do quanto nos assemelhamos com o Mestre (2 Co 3.18). Somos uma sociedade que se compraz nas compras e nos bens de consumo; vende-se a alma por qualquer preço. Existe o fenômeno do absolutismo do ego, entre fazer o que é certo aos olhos de Deus ou fazer aquilo que nos agrada, trazendo algum tipo de satisfação imediata. Geralmente, e com desconcertante naturalidade, escolhemos a segunda opção.
5. A Crise Familiar: Vivemos uma época da vulnerabilidade familiar. Há no evangelicalismo protestante um incentivo a casamentos e noivados precoces, sem aconselhamento pré-matrimonial; isso forma lares que já nascem arruinados. Registre-se que esse fenômeno é fomentado em um ambiente de desvalorização dos laços familiares. Os divórcios são praticados por motivos banais. As famílias, em um ambiente assim, se tornam vulneráveis às contendas e suscetíveis à destruição.
6. A Crise para o Ingresso na Igreja: O ingresso na igreja evangélica brasileira se dá por adesão e não por conversão. Precisamos retornar ao conceito acerca do que significa seguir a Jesus, isto é, ser discípulo. É muito provável que nos bancos das nossas igrejas existam crentes que, talvez, nas suas vidas, jamais tenham tomado a decisão de seguir a Jesus - eles apenas concordaram intelectualmente sobre a mensagem da Cruz e consideram-se eternamente salvos.
7. A Crise da Liderança: Vivemos um momento em que a liderança passa por uma crise de identidade, além da velha guerra dos sexos que delimita as fronteiras ministeriais femininas, o que é absolutamente lúcido segundo o N.T. e que muitas igrejas ignoram, Temos hoje, na questão da liderança, um agravante: que é a busca e a valorização do carisma mais do que o caráter, passando por cima de todas as instruções bíblicas no tocante ao chamado ministerial. Isso se reflete, inclusive, quando se abre espaços ministeriais para mulheres de forma não condizente com o padrão neo testamentário. Há pastores que não sabem se são líderes organizacionais ou apascentadores de gente. Há ainda o emburrecimento no ministério de ensino das igrejas. Vivemos a época em que os jargões permeados de conceitos psicológicos são propagados pelos pregadores do "evangelho da auto-estima", que encoraja os crentes a serem ainda mais cobiçosos e, talvez, até oportunistas em seus ambientes de convívio. Vivemos a era do enfraquecimento do púlpito, a troca do púlpito pelo altar (da bênção) , a troca do estudo bíblico pelo estudo das técnicas de mercado, a busca pela psicologia mais do que pela teologia aplicada. Estamos na era do enfraquecimento acadêmico. Vemos isso ao nos depararmos com candidatos ao ministério pastoral que conseguem ir mal em exames de ordenação que já são medíocres e, ainda assim, serem aprovados no final.
8. A Crise na Ética: Somos a geração da flacidez ética e do desmoronamento de princípios básicos como: jugo desigual, divórcio, mentira, instrução da consciência.
9. A Crise no objeto de Culto: Culto ao Dinheiro. Bem profetizou John White "Se o dinheiro não é Deus porque a igreja o adora tanto?". Deus é uma espécie de máquina caça níqueis que se você tiver sorte ele pode te deixar rico e, para isso, basta se especializar em técnicas que te dão habilidade para lidar com essa grande “Máquina Cósmica” chamada Deus. Arrisco afirmar que não é só o evangelho da prosperidade que cultua o dinheiro; pois alguém, sem necessariamente ser um teólogo da prosperidade, poderia se utilizar do álibi da expansão do evangelho para edificar, a custa de técnicas de gerência, uma "igreja-empresa". Ela se tornará, em última ou em primeira instância, um meio para o enriquecimento. Buscar mais os altos dízimos do que almas para Cristo gera acepção de pessoas em larga escala. Por falar em culto, não podemos deixar de dizer que há hoje, uma carência de músicas de qualidade nas discografias dos "artistas" da música evangélica nacional. Cansa nossos ouvidos ladainhas sem teologia e nem reflexão bíblica, porém com muito lucro e prestígio para seus artistas. Precisamos de cantores evangélicos que sejam exemplos de espiritualidade sadia aos olhos do Pai, que não só escrevem boas letras, mas cujo testemunho é uma sinfonia agradável e afinada diante de Deus. Ainda bem que existem alguns que ainda preenchem estes requisitos. Precisamos, porém, garimpar estas jóias nas prateleiras das lojas especializadas.
10. A Crise na Formação Espiritual: Existe hoje certa imprudência no processo individual de formação espiritual, pois toda literatura e tele pregação ditas evangélicas são absorvidas pela maioria dos crentes no Brasil.

Acredito que a teologia aplicada, bem aplicada, certamente trará a Igreja Evangélica Brasileira de volta à esfera da vontade eficiente de Deus; isso, é claro, se a lei da mordaça não nos impedir de anunciarmos abertamente as virtudes e princípios d’Aquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9). Precisamos desesperadamente de uma reforma protestante no movimento evangélico brasileiro. Que Deus levante profetas, para mudarmos esse quadro.