quinta-feira, 10 de julho de 2008

“Teologizando” a nossa Inteligência – uma abordagem introdutória

...talvez esse também seja tema para outro artigo.


Antigamente costumava-se descrever a figura do cristão como um ser anti intelectual (preso à desinformação), alguém que renunciou à razão e vive alienado da sociedade, com um livro preto debaixo do braço: tendo-o como a cartilha da sua vida sem ao menos entendê-lo muito bem.
Crer é também pensar. Hoje os tempos são outros, e os homens e mulheres da fé já não têm sido tachados daquela forma com a intensidade de antigamente.
Ser evangélico hoje é chique e está na moda. Basta ver as celebridades da mídia que abandonam as suas carreiras para aderir ao movimento evangélico. (Bem, isso pode ser assunto para outro artigo). Mas, voltemos ao fio da meada: hoje, muitos nem podem ser mais vistos ou reputados como pessoas que renunciaram à razão; aliás, esta assumiu o tribunal da consciência, tornado-se juíza de todas as coisas, inclusive do próprio livro preto mal compreendido. Aliás, o livro mal compreendido continua mal compreendido porque muita gente que o lê e estuda, o faz com uma má concepção acerca da veracidade dele; o que pode também ser discutido em outro artigo.
A verdade que antes apenas era uma, agora se multiplicou, e a mentira que sempre foi mal vista, agora é bem vinda, desde que gere bons resultados e, lógico, para isso, precisa ser bem empregada. Vivemos a época da inversão de valores e da inteligência mal direcionada, mas isso também não será discutido neste espaço.
Será que precisamos experimentar os extremos da gangorra no atual movimento evangélico brasileiro? Isto é, ou a ignorância e o obscurantismo religioso ou o ceticismo motivado pela falsa sabedoria. Eu tenho pensado que devemos, como cristãos, permitir que o livro preto remodele a nossa cosmovisão. Acredito que o tal livro é a Verdade pela qual as outras verdades podem ser medidas.
Chega de pensar que é bonito ser cético, critico, liberal e ecumênico; vamos voltar a refletir a fé protestante a partir da reforma e de seus pensadores. Se isso não ocorrer, o que nos resta é nos envolvermos no misticismo católico pré-reforma da era das trevas, que também tem sido bem visto por alguns pastores da atualidade, e que, talvez, até apreciem o ecumenismo no processo de formação espiritual. Temo pela lucidez destes amados, pois o obscurantismo custa caro e a conta chegará cedo ou tarde.
Precisamos mais do que nunca de uma teologização da nossa inteligência. Acredito que chegaremos lá lendo as Escrituras com as lentes dos reformadores. Mas será que o evangelicalismo brasileiro na atual conjuntura está disposto a retornar as bases da reforma? Talvez esse também mereça ser tratado como tema para outro artigo.
De qualquer forma precisamos experimentar uma fé inteligente, que nos assemelha ao homem mais inteligente que esteve entre nós a mais ou menos dois mil anos e, como marginal, foi crucificado fora da cidade de Jerusalém, a assassina de profetas! Fé inteligente que nos faz anunciar o evangelho ao homem perdido e que não nos faz meros transportadores do tal livro preto, mas que o coloque no cerne das nossas motivações.
Se assim não for, temo que os cristãos da próxima geração sequer utilizarão o livro preto em seus encontros, sequer precisarão pensar sobre a vida cristã, sequer terão que enfrentar suas crises e ambigüidades, pois a geração que inverte valores é também a que amortiza as consciências e faz do conforto o Baal contemporâneo. Uma sociedade que não enfrenta problemas e obstáculos para crescer é uma sociedade fadada à ausência de estímulo existencial. Bem, talvez esse também seja tema para outro artigo.
Quero retornar ao primeiro amor e gostaria que os crentes viessem comigo. Isso não é só teologizar a inteligência, mas também ser mais semelhante àquele que amou ilimitadamente, e justamente por isso, chegou literalmente ao topo máximo do desconforto e ignomínia da sua época. Sendo fixado no mais cruel instrumento de execução romano, nos atraiu para si, num espetáculo de dor, angústia e vitória assistido e presenciado, não apenas pelos seus executores, mas por anjos e demônios - o triunfo que começa na manjedoura e culmina em um túmulo vazio. Mas esse fato também pode ser discutido em outro artigo. Mas qual a relação deste espetáculo com o protestantismo tupiniquim? Bem talvez esse também seja tema para outro artigo.

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